quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Hela conta até dez.
Tudo aqui é diferente, até corujar na madrugada fria duma casa nova grande demais prum umbigo que não nasceu grudado ao de ninguém. Larica danada, geladeira vazia e armário só com bichos comedores de madeira. A fadinha que aqui morava tinha pena dos coitados e deixava se reproduzirem sem nenhuma repressão - as gavetas da cozinha pareciam campos de amor livre dos anos sessenta... Vontade de comer semente de abóbora, mas às quatro da matina o máximo que eu podia encontrar seria um Doritos. Isso se a RETARDADA AQUI NÃO TIVESSE PERDIDO HOJE A PORCARIA DO CARTÃO DO BANCO... não tinha dinheiro, nem débito, nem cheque! Merdão bonito. Dava pra formar uma fila em volta da Lagoa só com as coisas importantíssimas que eu perco correndo por aí.
Mas hoje a culpa não foi minha.
Mentira.
Foi. E o pior é que você já sabia. Faz parte da sua natureza, bocó.
Preciso de nicotina. Ai, Céus... foi-se o tempo do Grisalho Marlborão junto com o antepenúltimo celular.
Vou ali no posto e faço charme, não tem como me recusarem um maço de cigarros, pago amanhã ué! Tava decidido. VIVA O CHARME NO POSTO 24 HORAS.
Bati a porta e entrei no elevador ocupado por um saco de lixo: a merda na minha frente, mais uma vez. Mania anti-higiênica essa que têm as pessoas daqui: despachar lixo pelo transporte de gente.
Pisei na rua de cueca samba canção, havaianas maiores que meu pé, blusa traçada, meias vermelhas esticadas ao máximo pra barrar o rajão de vento e óculos de alguém perdido na sua velhice.
Dez passos e chego no posto: FECHADO.
DESCONSTROLE TOTAL. O mundo tá sempre contra.
Ensandecida, Hela gritava pra noite vazia.
Bufei, bufei, bufei e mordi minha própria mão até sangrar. Voltei chorando de irritação. AUTOPIEDADE É UMA BELA MERDA SUA ESTÚPIDA. DEIXA DE SER BEBEZONA. RESPIRA E CONTA ATÉ DEZ. Puxei o ar pelo nariz - inflando o diafragma feito neném - e soltei pela boca... E a calma, chega?
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e ouço sempre o mesmo sábio conselho: "-respira"
ResponderExcluira Calma foi pedir cigarros no posto 24 horas, ele tava fechado. ela aguardou abrir. fez um charme tal que nunca mais foi vista!