segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

"eu queria ser um peixe, pra nesse límpido aquário mergulhar"



Hela tá cronopiando fazendo seriedades por aí.
Quando der na telha, Hela dará as caras.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Pequenina Smirnoff


-porque tudo o que parece pode não ser.

“Quéeero que vocÊ me A –QUE - ça nesse invé-ér- no”... Calor.
Hela desafinava bem alto, UHU!
... “e que tudo MAIS VÁ PRO INFERNO!!!”
Hela berrava, se deliciando com os próprios pingos de suor. Ahhhhhhh!!!!!!, só a endorfina deixava Hela naquele estágio de quase nirvana.
Supetão!
No meio do gozo, ELE veio e se intrometeu no ouvido d´Hela:

ELE: Você passou por mim 14 vezes.
HELA (debochadamente lânguida): Ah, é?
ELE: E eu contei...
HELA: Uiiiii... (‘BOMBADINHO GALINHA’, pensou).

E continuou lá na sua viagem com aquele que sim era um Rei... pena que gostava de gorditas... “e que tudo mais vá pro inferno!”

ELE veio de novo: Têm duas coisas em você que me chamaram a atenção. (FEZ 1 COM O POLEGAR). Você tem cheiro de melancia (FEZ 2 COM OS DEDOS E HELA SOLTOU RISOS SARCÁSTICOS)e faz um biquinho lindo tomando cerveja.
HELA: Eu não bebo cerveja, SÓ DESTILADA!

Risos e Risos e Risos. Começou a achar que poderia encontrar muuuuiiiiiittta diversão naquela noite.

ELE: Vem MINHA RAINHA. (‘Minha rainha?’ Esse era boa! Se viu sentada num gostoso trono entre o Roberto Carlos e o Elvis Presley e o diafragma já tava ficando dolorido de tanta risada).
ELE: ... MINHA RAINHA, vou fazer com você uma coisa que to a fim desde que essa festa começou, mas não tive coragem: VAMOS PARA O PALCO!

Nem deu tempo de pensar. Ele puxou Hela pelos braços, se infiltrou na multidão colorida e carregou Hela pra ribalta. O Elvis cantava: “Camon baby, light my fire...!!”UHU!!!
SIM, já tava encontrando mais diversão! UHU!!! ... dançava levantando os braços, catarseando enquanto o telão era inundado por flores, muitas flores desabrochando.
E pensar que tudo tinha começado bem na esquina da sua casa, com uma garrafinha fofa de Smirnoff que encantou 3 mulheres, a mais nova atração destilada dos postos de gasolina.
Supetão!
Ele puxou Hela de novo, deu caipirinha de framboesa pra Hela tomar, puxou Hela de novo, colocou Hela sentada numa escondida cadeira, puxou outra e começou a falar.O cara era o papa-léguas da pró - atividade. Sem frescura. Pá-pum.
Ele contou a história da puta que tinha carregado pro colégio pra conversar com os alunos do ginásio. Foi demitido. FALARAM, FALARAM, FALARAM sobre o banal e Hela foi descobrindo que nada com aquele pseudo-playba era banal. Foi aí que começou a troca de quem fala mais pelos cotovelos, HELA não ficou autista e ele devia ter o Sol em aquário, era um daqueles que transgredia o cotidiano. Não era professor de educação física, não conseguia fazer três barras seguidas... falaram sobre trens, Marx e Engels, bicicletas, Santo Agostinho, cheiro, Pirandello, instinto, Florença, tesão, fertilidade, New York, compras, Humaitá Pra Peixe, caravanas, personas, fôlego, MINHA RAINHA,corrida, cigarros,cerejas,lagartixas,Egberto Gismonti, aquários e finalmente a HISTÓRIA DO POLVO...
to be continued

ps: mais uma vez, sabia que estava de mudança e, com Jung martelando bem forte na sua cabeça, sabia que aquilo era só o começo do que estava por vir

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

tum-tum

Hela não acreditava no amor.
Ela se cobriu. Ela era a Lua Cheia.
Hela não era nada.

Silêncio.
Estou descobrindo o meu potencial.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Quem não tem Cão Caça Com Pintinho

Hela e Houtra fofocam enquanto enquanto usam o sanitário. Houtra mija no bidê e Hela caga na privada:

HELA: Mas e aí? Foi bom?
HOUTRA: Sei lá... não senti nada...
HELA:Como nada? Você não era virgem?
HOUTRA: Ahã.
Bolota de cocô cai na privada. Água respinga na bunda d' Hela.
HELA: Seu hímem era complacente?
HOUTRA: Acho que não... nunca me falaram isso...
HELA: O pau dele é minúsculo?
HOUTRA: Não sei de fato...
HELA: Como não sabe?
HOUTRA: Sangrou...
HELA: E você não sentiu nada, necas,nadinha!!? Nem dor!!?
HOUTRA: Ai, tenho vergonha de falar...
HELA: Caramba, vai te catá!
HOUTRA: Sabe... meus pêlos encravados...
HELA: E DAÍ!???
HOUTRA: Daí que ele Brochou e meteu o pau mole! METEU O PAU MOLE!
A Houtra começa a chorar enquanto seca a piriquita...
HELA: É querida... cada um come como pode!

ps: Uma Homenagem Aos Famintos, de Biá Napolitani.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

SUSPIRO



Ah, vida!
"...aquilo não podia ser o mundo, a gente segurava o caleidoscópio pelo lado errado e então, era preciso dar lhe uma volta e começar a olhar o mundo através do cu, and you will see patterns pretty as can be..."

O Jogo Da Amarelinha (Júlio Cortázar)

Às vezes sobra apenas o suspiro... De adoçante, claro.

*Foto: Dafne Capella

domingo, 4 de janeiro de 2009

mEsA dE bAr

Chegou em casa depois de duas caipvodcas não caprichadas e fortalecidas por goladas de whisky. Devia ter pedido cachaça com fruta do conde, quem sabe faria mais efeito.
Entrou sozinha no banho gelado; precisava processsar... o mundo era mesmo menor que a sua unha do mindinho mais que roída. Ele ia ser pai.
Tirou as lentes de contato e, depois de muito procurar, encontrou seus óculos caídos no chão. E esse Jung que martela e diz que tudo é sempre mais alguma coisa. Deu de cara com o lixo da cozinha sujo de café passado e foi pelada até a lixeira do prédio. Foda-se se tivesse alguém vendo Hela pelo olho mágico; seria ao menos algo - um outro vendo seus pêlos encravados- pois sua vida nada era.
Tacou o lixo pela lixeira. O velho tinha que abandonar o corpo nu. Ele ia ser pai. Ele que não era nada, só mais uma paixão platônica como todas as da sua vida. Agora entendia tudo.
No dia que a realidade fosse real Hela não seria mais Hela.
E no andar de cima um casal trepava na cama de molas. Talvez não entendesse bulhufas... Queria ser mãe. Até pouco tempo atrás tinha pavor de sentir um treco crescendo dentro do ventre. Mas agora via que precisava de outro. Era a hora de admitir que não poderia viver mais como um beta.
Os desencontros; esses sim faziam a vida.
Precisava de um filho pra tomar conta de outro e esquecer d´Hela mesma.



sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

2009

Acabei de admitir a verdade pra mim mesma: nunca gozei desse jeito com nenhum Homem, nenhum. Amplo mesmo, no sentido literalmente Humano da palavra, incluindo aí os hermafroditas e afins. O prenúncio do orgasmo foi tão intenso que não seria possível um jorro final tão expressivo.
Mas foi.
E era sempre quando Hela se masturbava com o chuveirinho. Tinha esquecido o quanto esse treco era bom; uma vantagem a mais - porque eram várias - as da sua nova casa. Uma Coisa podia fazer aquilo. Alguém da sua espécie até hoje não tinha feito.
No fundo, tal constatação não muda nada. O fato é que HELA está de mudança e, quando Jung martela bem forte na sua cabeça, isso é muita coisa.

Pão e Queijo - uma das artes do encontro


"A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida*”.








Hela pensou enquanto comia o sanduíche:
Impressionante como os sanduíches montam e se desmontam num curto espaço de tempo.
-Por isso eles são tão práticos ora bolas!
-Aí que você se engana, querida.
Foi no inicio do findo ano que o PÃO ÁRABE chamou a MUZZARELA DE BÚFALA pra fazer parte do Sanduíche que seria o mais importante da sua assada existência até então. Ele a entrevistou, gostou da amarelinha logo de cara, formou com ela uma dupla e começaram a trabalhar juntos na cadeia mais famosa de padarias do país, a "Bisnagão & Finos", empresa almejada por praticamente todas as massas. Ficaram meses elaborando o cronograma de chegada dos outros ingredientes, fechando a quantidade de ketchup que cada um teria que dar e receber e juntando os farelos pro quitute entrar no forno perfeito. O Pão se lamentava muito nessa etapa e a Muzzarela sempre lhe deu a mão. Logo aí ela começou a perceber que ele era desmedido, sofria ou com o excesso ou a falta de Fermento. Certa vez, numa discussão, o Pão gritou:
- O MEIO-TERMO NÃO EXISTE ENTENDEU !?
"Ai, o que é a vida senão o entre"- pensou a Muzzarela...
A Muzzarela nunca tinha sido o entre, nunca havia feito o papel de recheio e, portanto, tava achando aquilo tudo muito inovador e excitante. Tinha um puta tesão em fazer parte do tal Sanduíche. Adorava ficar grudada no Pão, ele era um Árabe gordo, sarcástico, inteligente e divertido. Segundo o próprio, estavam preparando uma Guloseima transgressora: cada Sanduíche seria singular, pois estaria coberto por um único MOLHO ESPECIAL convidado.
Passou-se algum tempo e os outros ingredientes, o ALFACE, o TOMATE e o FILET MIGNON, foram chegando... a Muzzarela, que já tava cansada de tanto escutar sozinha o Pão dizer a mesma coisa, começou a se enturmar com eles e tudo virava pretexto pro Árabe criar confusão. A Muzzarela também não era santa e foi percebendo que tava na função errada: ela não era lá muito apta a contar e organizar Sementes. Seu dom sempre foi outro. Mas ela se esforçava, ah sim, ela dava o seu máximo.
Às vésperas do lançamento do Sanduíche em cadeia nacional, o Pão fez um discurso:
- Amanhã, quando nosso Sanduíche for lançado, tudo nas nossas vidas vai mudar! Vamos ser reconhecidos em qualquer prato que aparecermos e brilharemos nas fofocas de receitas de todo o país! Eu então, nem se fala... vou ser um astro em cadeia nacional. Todas as padarias do país vão brigar pelo nosso Sanduíche, todas as Broas vão querer ficar perto de mim e eu vou poder definir o meu preço. Mas tomem cuidado, não podemos deixar o sucesso subir à cabeça, devemos estar preparados pra desfrutar os PÍNCAROS DA GLÓRIA!
O Pão tava mega obsessivo com essa história e a Muzzarela foi ficando cada vez mais esturricada pelos 400 Graus do Sírio. Ela sabia que seu ideal era 36 na escala dos Celsius, afinal, é feita do leite da fêmea do Búfalo e precisa de um ponto mais refrigerado.
Apesar das agruras, a Muzzarela adorava o Pão. Contradições assim eram correntes quando ingredientes se misturavam. Desde pequena sua mãe Brie tinha ensinado que conviver em colônias era difícil e que o Outro sempre refletia alguma coisa do seu Eu. Isso era o pior. A Muzzarela via muito da sua própria substância no Pão. Apesar de diferentes por fora- ela é magra e muito protéica e ele gordo, repleto de carboidrato - os dois são muito intensos. E fora da padaria se divertiam bastante: participavam de altas rodadas de fermento alcoólico, adoravam inalar THC e, o mais divertido: eram craques em tirar sons de Rock dos talheres... o Pão era bem mais sinistro, é verdade...quando comprou o conjunto de colheres musicais ficou fanático com aquilo e logo apresentou pra Muzzarela. Além de catártico, tocar notas era ótimo pra concentração, coisa que faltava aos dois.
Mas o Pão queria a Muzzarela derretida nele 24 horas por dia, se sentia muito desolado se ficasse só e fazia chuva de farinha em cima dela. A Muzzarela, pra se defender do trigo, começou a desgrudar no Pão. Ela rebatia os pedregosos farelos dele com pitadas ácidas de tempero. O Pão logo se arrependia e dava leitinho quente pra ela, inconstante do jeito que era.
Quando se distraía e não escutava ao chamado do pão- apesar de ser de Búfala a Muzzarela não consegue pisar bem forte na terra- ele confundia tudo. Ela falava fungo e ele entendia mofo. Mas o Pão também reconhecia o potencial e o talento da Muzzarela: sabia que ela era feita de Búfalas especiais que passavam por uma rigorosa higienização com água corrente e escova nas nádegas, tetas, barriga, pernas e flancos, retirando assim, todas as mediocridades presentes. A Muzzarela era diferente mesmo.
Enquanto isso, os Sanduíches continuavam sendo feitos e a relação do Pão com a Muzzarela ficava cada vez mais explorada... rolavam várias sacanagens com o fato da Muzzarela ser uma avoada... logo ela, que, como diz a lenda, é boa pra memória... A Muzzarela se sentia totalmente fatiada. Mas continuou no tabuleiro, pois quem era feita de Búfala não dava a gordura a torcer e também empacava fácil.
O Pão também já não tava tão fresquinho... sua rica farinha era posta de lado pelos fregueses:: eles queria mesmo é saber do Molho Especial. Tsc, tsc, tsc... O Sanduíche tão almejado e elaborado pelo Pão tinha virado um mero quitute tradicional.
A cada dia a Muzzarela ficava mais mal-humorada e não dava trela pros ataques trigueiros do Pão. Quando ele tacava grãos, ela dizia que tava ressecada e que era melhor sair da fornada. Mas o Pão insistia pra ela ficar e a Muzzarela, indecisa que só, se sentia um Camembert amolecendo. Afinal, ela não ia deixar pela metade as etapas da receita. Era sempre um esquenta-esfria de ambos os lados.
Até que teve um dia que a Muzzrela levou um belo pé na bunda que ela não tinha. Surpreendentemente cuspida, dessa vez pra sempre, porque o Pão nem gritou, ela se sentiu aliviada e seguiu seu rumo. Mas sua temperatura subiu aos Céus quando viu o Pão anunciando em cadeia nacional que a tinha jogado fora do Sanduíche. Não precisava disso em meio a tantas outras coisas pra apontar na sua própria preparação, ainda por cima tendo a certeza que os fregueses pouco se importavam com o Sírio e seus Ingredientes, queriam mesmo era o Molho Especial...


Hela deu a última mordida, amassou o guardanapo e jogou no lixo. Ai, esses ciclos eternos... Colocou o fone no ouvido e veio o Vinicius com a vida feita dos encontros. Hela seguiu alimentada pra não se sabe onde.
Pão-pão-queijo –queijo só é pão-pão queijo-queijo porque é pão-pão-queijo-queijo.
É o que vale, vivam os afins!


*Vinícus de Moraes e Baden Powell-Samba Da Benção